quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Ao vento.

Nada de troco veio da caixa. O tilintar das moedas rugia na fome que doía na alma e aquela andança até alí pareceu em vão.

Voltou para as calçadas em passos largos e o sereno soprou a esperança que o havia acompanhado até alí. Encontros, esbarrões, sinais, silêncio dentro do caminho de volta.

Encolheu-se no canto gelado da parede, como se o frescor do concreto fosse capaz de trazer algum tipo de conforto. E contou os buracos, as fendas, os riscos, até dormir.

E foi um sono inquieto, sem satisfação, com a lucidez inconveniente de quem não sabe dormir a noite.

E nasceu um dia pálido, sem cor e sem graça, sem risos nem prantos, só o silêncio, sem vento, ao vento.