E eis o mistério da fé: a paciência. Ou a falta dela, a ausência total de estômago para esperas estudiosas e planilhas da lógica. O compasso que determina a dança decai com os impulsos não cumpridos e o comprido tempo oscila entre a vontade e a desistência.
Não saber esperar é um grande defeito e uma preciosa virtude que te leva a lugares sensacionais e não-planejáveis e te priva da construção elaborada de um lugar comum. E cada lado tem as suas certezas, e em cada espera ou falta dela cresce uma vida diferente para se narrar.
A razão de ser irracional é colher a beleza que só a surpresa é capaz de proporcionar. O medo da amargura, entretanto, transforma o leve sussurro das vontades não premeditadas em um poço de hipóteses do que poderia ter sido.
E nas trilhas que serpenteiam as nossas razões tudo é ganho e tudo é perda, ficam-se os cheiros e vão se as mãos, e as palavras chegam mesmo de boca calada, numa onda magnética que não chega a eletrizar meu ser. E fica-se a ardente espera para que a paciência não acabe.