sábado, 5 de setembro de 2009

5 coisas que os paraenses fazem fora do Pará

"Meus caros amigos desocupados leitores, para lhes trazer esse texto foram meses de pesquisa, noites insones no Aeroporto Internacional de Belém, horas dentro de arquivos empoeirados, tardes na esquina da Gaspar Viana com a Frutuoso Guimarães comendo completo com suco de abacate. É um trabalho realizado com todo o esmero para delinear as práticas paraenses mais comuns Brasil afora, espero que vocês curtam e identifiquem o paraense dentro de vocês (no sentido não literal da palavra).
5º Dançar carimbo
O carimbó é uma instituição cultural paraense interessante, poucas pessoas têm coragem de dizer que não gostam, a maioria diz que acha bacana, mas não aguenta ouvir duas músicas.
Contudo, quando está longe do seu estado, o paraense quer mostrar-se íntimo de sua cultura, dizer que conhece, sabe todas as íntimidades das práticas populares da região que lhe pariu. Aí começa o festival de bizarrices.
Dentre as atitudes bizarras dos paraenses fora do seu estado, a mais lastimável de todas e tentar mostrar-se conhecedor da sua cultura e tentar dançar carimbó. A cena é a pior possível, na ponta da língua um carimbó mainstream (tipo "Olêlê Olálá misturei carimbó, siriá". Claro que interpretadas como "Olêlê Olálá isculê, carimbó siriá") pessoas tentando dançar com a malemolência cabocla, mas parecem misturar a coregorafia do Thriller com a dança do robô. O mais bizarro de tudo é a cara das pessoas vendo aquilo, devem pensar o que do carimbó? Já não bastava ser desprezado por parte dos paraenses, agora os de fora também abominarão? Pra piorar, os nossos conterrâneos ainda tentam ensinar os outros a dançarem.
Mas depois de duas dúzias de solos de palmas, e de três refrôes, o carimbó volta, aliviado, para o seu limbo.
4º Se empacotar todo
OK. O Pará é um lugar quente, está situada no cu centro da linha do Equador, as temperaturas ultrapassam os 30º em boa parte do ano, mas não é por isso que devemos vestir todas as roupas de uma vez só quando vamos para um lugar frio.
Na minha marota opinião, o povo paraense tem um complexo, o desenvolvimento do estado não ocorre de forma acelerada somente por motivos econômicos ou tacanhismo político, mas também por um motivo até agora nunca levado em consideração.
O povo paraense não usa jaqueta (tá, pode me xingar, esculhambar meus antepassados, o Grisalho da Doca e o Bigode da Doca, mas existem algum sentido), isso faz dos parajoaras um povo de auto estima reduzida. Duvido que, se pudessemos usar jaqueta com mais frequência sem corrermos o risco de sermos ridicularizados, o Pará diminuiria consideravelmente a quantidade de conflitos no campo. O povo paraense de jaqueta se sente imortal!
Essa necessidade de se empacotar para se sentir civilizado algo inerente à nossa região, já que os índios (sujeitos com poucas vestimentas) são um modelo de comportamento que a maioria da população abomina, enquanto que os europeus (sempre adeptos de muitos panos) serviram de modelo de comportamento. A Belle Èpoque que o diga, com pessoas andado como franceses nas ruas da cidade em plena tarde amazônica (porque você acha que foram plantadas mangueiras em Belém?)
Outras evidências fortíssimas são os raros momentos quando a temperatura da região cai. Se beira os 20º é um Deus nos acuda de jaquetas, agasalhos e outros apetrechos que fazem os meus conterrâneos se sentirem mais próximos do pólo norte e dos filmes de Hollywood.
Ora, seguindo essa linha de raciocínio, se uma jaqueta eleva minha auto estima quanto paraense, imagine duas; três; três e um gorro; três, um gorro e luvas! Era tudo que o nosso povo queria. Contudo, para que isso aconteça são necessárias temperaturas atípicas da região, por isso, quando se dirigem para regiões mais frias os paraenses aproveitam para vestirem de uma vez todos os seus agasalhos e se sentirem um povo mais civilizado e entupirem o orlkut de fotos.
3º Falar bem do Pará
No último mês um amigo colocou umpost no seu blog falando dos monumentos mais feios da cidade, foi um texto corajoso, atraiu a ira de diversos coleguinhas conterrâneos, irritados ao verem sua cidade criticada daquela maneira.
O post fez tanto sucesso porque foi colocado na comunidade de Belém no Orkut e, nessa mesma comunidade era possível apalpar a cólera das pessoas diante da opinão do pobre pedreirense. Interessado em ver quem eram aqueles novos Filipes Patronis, tão devotados em defender sua terra de facínoras defenestradores da beleza da capital, visitei o perfil de alguns.
A grande novidade é que, dos indignados, a maioria nem morava aqui, grande parte estava radicada em outras paragens, comprovando que a distância do Pará afeta o senso crítico dos meus conterrâneos, eles passam a achar tudo lindo e maravilhoso, até a Nave da Xuxa o chapéu do Barata!
Portanto, se encontrar algum paraense Brasil afora cuidado! Falar mal do Pará pode render sérias confusões. Ele pode lhe dar uma jaquetada, afinal ele está usando umas cinco mesmo.
2º Fazer cosplay de vendedor de picolé (Usar isopor como bagagem)

Quer encontrar um paraense em um aeroporto qualquer do Brasil? Procure um isopor. Garanto que se não for um vendendor de picolé ou outro gênero alimentício gelado, é um paraense.
É impressionante como os paraenses perambulam Brasil afora com um isopor à tiracolo, é item indispensável de viagem, acredito inclusive que o Estado do Pará deva ser o maior consumidor brasileiro de caixas térmicas de isopor.
É como um item de identificação regional, algo como o chimarrão para os gaúchos, os tiroteios para os cariocas, os engarrafamentos para os paulistas e a rapadura para os cearenses. Paraense que é paraense anda com isopor nos aeroportos. É capaz inclusive de duvidarem de suas origens se lhe encontrarem em um aeroporto sem isopor.
-"Você é de Belém?!"
-"Sim!"
-"Nasceu lá?"
-"Claro!"
-"Mentira, cadê seu isopor?!"
Dentro vão gêneros alimentícios típicos da região, como o açaí, a maniçoba, o tacacá, tudo previamente congelado para que o paraense possa usar suas quarenta jaquetas, falar bem do seu estado, comendo aquela maniçoba feita dois meses atrás.
1º Desprezar paraenses
Realmente fiquei em dúvida sobre o primeiro item desse post, mas entrando em contato com orgãos especializados como a COHAB, o DIEESE e FAJUTA (Faculdade Jurunense de Tecnologia Avançada), resolvi mandá-los às favas e fazer o que eu achava mais coerente.
Conversando com um amigo, concluí que a coisa mais significativa que os paraenses fazem fora do Pará é desprezarem seus conterrâneos, mas calma! Não questione a minha masculinidade. Vou explicar.
Quem já viajou para fora do estado em grupos, viu que os paraenses quando estão em outro estado se agarram com todo mundo, menos com outro(a)s paraenses.
É uma situação recorrente, principalmente com as meninas, que preferem mil vezes um carioca com um charme de ator pornô mal educado, um paulista boçal ou um sulista fedorento a um paraense. Com os rapazes acontece o mesmo, mas em menor escala, devido ao grau de promiscuidade inerente ao sexo masculino.
A paraense, depois que se agarra com alguém de outro estado, prontamente gera um rei na barriga. Não quer saber mais de pessoas do seu estado. "Pra quê regredir migâh! Eu peguei um gatinho carioca!".
Quando retornam ao Pará a humildade demora, mas volta. Os rapazes paraenses entendem os gestos de boçalidade das moiçolas do estado. Afinal pegariam também uma carioca ou uma paulistinha, se elas quisessem....
Se você discorda, concorda, me ama e tem vergonha de se declarar, se tem pesadelos terríveis com o canguru da Radiolux, comente. Será um prazer rir de você."

Postagem original: Lorotas da Doca

7 comentários:

lorodadoca disse...

Bacana a reprodução, valeu pelos créditos

Anônimo disse...

éééégua!! muito bom!!
adoro seu blog!
seria muito pedir que visitasse o meu...
coisasteens.blogspot.com

Shirlei disse...

K-K-Kkkkkkk. Muito bom mesmo! Me fez lembrar um poema do Mário de Andrade. É este:
Erro de Português

Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.

Shirlei disse...

Gabi, é tudo verdade! A mais incontestável delas é a necessidade premente que o paraense tem de colocar fotos no orkut todo "empanado", nas becas. Eu estou pensando em um empreendimeento bacana. Vou montar um studio, com vários painéis ao fundo, de bariloche aos Alpes (caribe não interessa... Pode suscitar o comentário desagradável: é alter). Então, compro toda a coleção de inverno das grifes do sul do país, para cliente não reclamar que faltam casacos, jaquetas, cardigans e tals. Então, meto-lhes jaqueta e neve artificial. Dez reaus a foto. Que achas? Ah, achas que devo colocar umas caixinhas de isopor pelos cantinhos do studio, para aparecer na foto como prova de que o cliente estava mesmo a viajar?

Shirlei disse...

Dar uns "beliscos" em minos e minas cariocas é um sonho que acalanta o bom paraense de berço. Já tive amigas que faziam beicinho, torciam o nariz e reviravam os olhos (e as tripas) de nojo quando voltavam de algum bordo interestadual. É um atestado de ascensão emocional: agarrei um cara que fara Néham e/ou porrrta. Um bom assistente para assuntos emocionais, vulgo pitaqueiro, que se preze, tem que fazer essa recomendação: namora um paulista ou um carioca e todos os seus problemas emocionias-narcísicos-coloniófobos-eugênicos-antiregionalistas acabarão.

Pedro disse...

Adoro o povo paraense.
Povo legal, humilde e hospitaleiro.
Abraços a todos.

Unknown disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.