terça-feira, 20 de outubro de 2009

Onze dias

Uma bola rolava no chão quando o grito ecoou numa sala distante e para a criança que brincava tudo era música que não se compreendia. Na sala, a calmaria distante do aconchego acalenta o sono de uma fita de cores ainda não refletida, amarrada em passos tão curtos que separam uma vida inteira e se esticam na ironia da gargalhada asmática nas escadas.
E para cima todo passo cansa e todo o tempo urge, e assim que tudo correu num piscar que inevitavelmente derrete o sorvete mas não traz o choro.
Lá longe tudo era mais próximo, e diante da multidão quatro dividiam-se em dois movimentos ao observar de cima a dança do caminhar da noite, as muitas voltas que o mundo insiste em dar para um céu tão claro de uma manhã azul, o céu que se move arredio ao farfalhar da rabiola que se perde pelo mar que molha os pés alvos e estreitos sentados na praia.
De lá, uma pedra rolou e a outra ficou, e o tempo corroeu as duas com o vento e movimento. E nos toques de trombetas que ecoaram então são descritos os onze dias que foram e passaram para chegar.

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