De tanto sonhar futuros que jamais realidade tornar-se-iam demorou a acreditar que, daquela vez, de fato aquilo estava fadado a acontecer. Imaginou os mais sensíveis detalhes, levou inclusive em consideração o gosto e a vontade de parentes e amigos. Era a festa.
E, enquanto planejava, escutou a mesma música repetidamente por centenas de vezes e, em todas elas, não pôde ignorar uma brisa sequer da madrugada de onde todas as pessoas solitárias vêm. E pela primeira vez foi totalmente natural. A janela estava embassada, mas ainda assim eram fortes as luzes.
De repente aquela telepatia tornou-se diária e, quase compassadamente, faziam-se os ruídos das palavras que iam e vinham nos risos e nos arrepios da falta de tempo que o cotidiano exerce sobre nossos ardores. E quase como um vício aquilo tornou-se absolutamente necessário, como se já não fosse normal nada daquilo ter. Até que o silêncio veio.
E o adeus só anunciava a saudação.
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