domingo, 16 de agosto de 2009

Depois de um tempo

Tudo fica simples depois de um tempo. Os volumes diminuem e nenhum barulho incomoda. As cores desbotam e os contrastes não ofuscam. Os cheiros se perdem e tudo fica indiferente.

Tudo fica claro depois de um tempo. A tempestade vira garoa. O furacão vira brisa. A lua minguante volta a crescer.

Tudo fica certo depois de um tempo. Os rios voltam aos seus cursos. O relógio volta a marcar as horas no tempo em que elas devem ser. Os dias são azuis e quentes, as noites escuras e silenciosas.

Tudo fica bonito depois de um tempo. As comidas mostram sabores nunca dantes desfrutados. O ar é limpo, puro, respirável. As palavras riem da incerteza de usá-las.

Tudo fica estranho depois de um tempo. A vontade não decide mais seus fardos. A energia se vai como se nunca tivesse vindo. O choro seca, mas o vazio fica.

Depois de um tempo o choro vira riso e confundem-se entre lamentos e comemorações, partidas e vitórias.

E depois de um tempo tudo fica do jeito que tem que ser, esperando por um novo tempo de simplicidade, clareza, certeza, beleza, estranheza, mais uma vez sem saber o porquê.

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