Estava sentado na cama, sem saber se sentia frio ou calor, com as víceras latejando, numa incapacidade de fazer qualquer tipo de especulação. As luzes lá fora convidavam para uma caminhada qualquer, sem rumo, mas sua cabeça dava mil voltas no mesmo lugar. Como poderia decidir, como poderia saber o que era aquele cheiro...
A lua nascia pela metade e um carro cantou pneu na esquina. Sua boca pedia água mas suas pernas bambas impediam qualquer reação naquele momento. A redenção jamais chegaria, os fantasmas permitem-se materializar nos momentos mais desnecessários, este era o fato. Os olhos corriam de um lado para o outro, sem nada achar.
Tudo tremia, e o cheiro não parava de exalar... Não podia decifrar do que se tratava, de onde veio, no que se transformaria, para que estava lá. Sempre se irritou com a falta de propósito nos acontecimentos, mas como encontrar um porquê não sabendo nem mesmo por que procurar? Quanta confusão sem propósito, vontades sem fins específicos, supérfluos reais, temores e mais temores...
Perdeu-se em devaneios, e não pode contar quanto tempo ficou alí parado, contemplando o nada e tudo mais. Tinha medo de encarar até sua sombra. Mas o tempo mudou, o vento virou, e a necessidade de tentar era incessante, explodiria a qualquer momento.
Venceu a preguiça de existir, bagunçou, arrumou, bagunçou tudo de novo ao redor, como em sua vida, sem prateleiras fixas para organizar o que passou, pra abrigar o irremediável. Olhou para fora, com a esperança de sair, mas as luzes não estavam mais lá. Mas aquele cheiro...
Um comentário:
Putz, agora "aquele cheiro" passou pra cá...
...o que será? Vem do chão...
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