quinta-feira, 9 de abril de 2009

Pauapixuna

Uma cantiga de amor se mexeu
Uma tapuia no porto a cantar
Um pedacinho de lua nascendo
Uma cachaça de papo pro ar

Um não sei quê de saudade doente
Uma saudade sem tempo ou lugar
Uma saudade querendo, querendo...
Querendo ir e querendo ficar

Uma leira, uma esteira,
Uma beira de rio
Um cavalo no pasto,
Uma égua no cio
Um princípio de noite
Um caminho vazio
Uma leira, uma esteira,
Uma beira de rio

E, no silêncio, uma folha caída
Uma batida de remo a passar
Um candeeiro de manga comprida
Um cheiro bom de peixada no ar

Uma pimenta no prato espremida
Outra lambada depois do jantar
Uma viola de corda curtida
Nessa sofrida sofrência de amar

Uma leira, uma esteira,
Uma beira de rio
Um cavalo no pasto,
Uma égua no cio
Um princípio de noite
Um caminho vazio
Uma leira, uma esteira,
Uma beira de rio

E o vento espalhado na capoeira
A lua na cuia do bamburral
A vaca mugindo lá na porteira
E o macho fungando cá no curral

O tempo tem tempo de tempo ser
O tempo tem tempo de tempo dar
Ao tempo da noite que vai correr
O tempo do dia que vai chegar

Uma leira, uma esteira,
Uma beira de rio
Um cavalo no pasto,
Uma égua no cio
Um princípio de noite,
Um caminho vazio
Uma leira, uma esteira,
Uma beira de rio

(Paulo André e Ruy Barata)


  *Sentei, olhei, lembrei, e nada além de Pauapixuna veio na minha cabeça. Por isso cá ela está.


3 comentários:

Toni D'Agostinho disse...

Olá.
Gostei muito do seu blog.
Parabéns.

Gabriella Florenzano disse...

Obrigada, Toni. Volte sempre :)

Rodrigo Santana disse...

Que linda música ! Diria emocionante, ainda mais para que está distante da Cidade da Mangueiras.