Nunca entendi porque as pessoas me perguntam o porquê de eu ter desistido da minha primeira formação, em comunicação social. Fator número um: a não ser que eu vire uma monja eremita, serei obrigada a viver minha vida inteira em sociedade, ou seja, não existe a opção “desistir de comunicar-me socialmente”. Fator número dois: onde é que a música está dissociada da comunicação?
Sim, eu poderia “estar roubando”, eu poderia “estar matando”, eu poderia escrever trezentas páginas que diversas pessoas já escreveram sobre a sobrevivência da música e da literatura pela tradição oral nas eras pré-históricas, da incorporação de costumes e valores sociais da época em sua música (e na transmissão deles através da música), mas na verdade este não é o meu objetivo (maldito pensamento, sempre dá milhões de voltas antes de chegar ao ponto principal). Na verdade, este texto começou a partir da minha necessidade de saber comunicar-me em diversos idiomas, o que por si só já é uma afirmação falha, já que a minha verdadeira necessidade é saber pronunciar corretamente os fonemas em diversas línguas (e depois dar o meu jeito para descobrir o que as letras significam em meu próprio idioma). Mas, como a ambição de cantar bem traz em anexo diversas outras como cantar pelo mundo inteiro, como desfrutaria adequadamente de tudo sem entender o que o mundo diz em minha volta? Ou seja, para tudo na vida, existem condições. São elas que definem os prós e contras dos frutos que colheremos, regendo assim nossas escolhas. Mas e as nossas condições? Como formatá-las em nosso desenvolver comunicacional?
Na língua portuguesa, o modo condicional aqui nas bandas coloniais é chamado futuro do pretérito. Esse nome sempre me “invocou”, desde tempos imemoriais do colégio. É claro que agora nesta cabecinha existe um pouquinho mais de vã filosofia do que uma criança de dez anos, mas a questão é que, se as condições são uma realidade incontestável em todas as nossas escolhas, por que atribuímos a ela um tempo verbal que nunca será consumado?
Aparecerão alguns para defender o teor abstrato das condições mas, na minha humilde opinião, estas são as coisas mais táteis possíveis. Foram causas, serão conseqüências, nos afetam diretamente em cada momento que a aceitamos como parte que não podemos relevar ou excluir de um objetivo final. No entanto, talvez numa extrema adaptação à nossa cultura, nossas condições viraram hipótese, incerteza, irrealidade.
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